Cora Coralina – História, Literatura e Exercícios Resolvidos
Conhecida como um dos nomes mais famosos da literatura brasileira, Cora Coralina possui uma história curiosa e muito bonita de luta e produção artística em nosso país. Clique aqui e tenha informações completas sobre ela e muito mais.
- Publicado: 12/07/2018
- Atualizado: 12/06/2019: 15 26
- Por: Rafaela Cortes
Em um primeiro momento, o nome Ana Lins dos Guimarães Peixoto pode não causar comoção, mas assim que se ouve o seu pseudônimo, Cora Coralina, o brilho do reconhecimento aparece no olhar de quem o ouve.
Considerada uma das maiores poetisas e contistas da literatura brasileira, a goiana Cora Coralina, traçou uma singular carreira como escritora, isso porque o seu primeiro livro foi publicado somente em 1965, quando ela estava prestes a completar 76 anos de idade.
Ana nasceu em 20 de agosto de 1889, em Goiás. Apesar da pouca escolaridade, mantinha uma forte conexão com a literatura, escrevendo desde a primeira infância. O alônimo Cora Coralina foi escolhido porque, segundo a escritora, existiam muitas “Anas” em sua cidade natal.
Cora Coralina escritora
Cora Coralina teve o seu primeiro contato com a produção literária ainda na adolescência, quando, aos 14 anos, passou a escrever contos – alguns deles posteriormente publicados em jornais da cidade de Goiânia.
Apesar de ter estudado apenas até a quarta série, a escritora já apresentava senso crítico, intelecto avançado e sensibilidade lírica – prova disso é que, em 1907, passou a escrever para o jornal literário “A Rosa”, veículo em que publicou, em 1910, o famoso conto “Tragédia na Roça”.
Aos 21 anos, publicou o seu primeiro conto, intitulado “Tragédia na Roça”. Quando escrevia, Cora não se preocupava com métricas, rimas e moldes pré-existentes, sendo que seus versos eram simples e livres, sempre voltados às questões do cotidiano.
Mudanças
Em 1911, após conhecer e se apaixonar pelo advogado Cantídio Bretas, casa-se e muda-se para Jaboticabal, no Estado de São Paulo. Com ele, teve seis filhos, vindo dois a falecer logo após o nascimento. Agora poetisa, ela se influenciava cada vez mais no pensamento modernista da época. Também residiu nas cidades de São Paulo, Penápolis e Andradina (onde seu marido faleceu).
Seu fazer poético era relacionado à realidade. Chegou a ser convidada por Monteiro Lobato a participar da Semana de Arte Moderna de 1922, mas não pôde comparecer. Rumores diziam que fora proibida por Cantídio.
Após ficar viúva, em 1934, Cora passou a vender livros, linguiças caseiras e banha de porco, de porta em porta, para conseguir sustentar os filhos, decidindo voltar a Goiás em 1956, aos 67 anos.
Lá, passou a se dedicar ao ofício de doceira, ao mesmo tempo em que continuava a escrever versos sobre a realidade em que vivia, afirmando ter vivenciado uma verdadeira epifania, momento em que se autoconheceu de maneira profunda e deixou de sentir medo.
Foi a partir dessa experiência que a escritora abandonou o nome de batismo e passou a usar o pseudônimo de Cora Coralina.
Cora e a cozinha
A escritora não se comunicava apenas pelos seus escritos, mas, também, por meio de outra arte, que poucos conhecem: Cora era uma doceira de mão cheia. Uma mulher da terra, que trazia da natureza os ingredientes para adoçar a boca e os olhos, pois, numa casadinha perfeita, quem comprasse o doce acabava levando suas poesias para casa.
Ascensão na literatura brasileira
Sua carreira de escritora foi alavancada somente depois de ser publicamente elogiada por Carlos Drummond de Andrade. Em 1965, teve o seu primeiro livro publicado, o “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”.
Cora Coralina foi uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX, sendo que sua obra, rica em acontecimentos do cotidiano, continha uma afinadíssima linguagem poética.
Em 1983, fora entregue a ela o título de Honoris como Doutora, sendo que, logo depois, foi eleita intelectual do ano, pela União Brasileira dos Escritores (UBE), sendo contemplada com o Prêmio Juca Pato, um dos mais importantes da literatura brasileira. No mesmo ano, ingressou na Academia Goiana de Letras, ocupando a cadeira número 38.
Cora faleceu em 10 de abril de 1985, quando tinha 95 anos, vítima de pneumonia. Sua antiga casa em Goiânia, atualmente, é um museu, reconhecido em 2001 pela Unesco como Patrimônio Histórico da Humanidade.
Entre suas principais obras estão “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”, “Meu Livro de Cordel”, “Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha”, “Estórias da Casa Velha da Ponte”, “Meninos Verdes” e “Vila Boa de Goiás”.
Cora Coralina recorria à literatura para entender o mundo no qual estava inserida. Para tanto, usava uma linguagem simples e priorizava a mensagem ao invés da forma. Por meio de sua simplicidade e de seus versos simples, alcançou a riqueza de espírito e a pureza poética.
Deixou para a literatura brasileira um imenso legado, tendo se tornado inspiração para muitos autores consagrados que surgiram depois. Ela enxergou o cotidiano de maneira poética e o transformou em arte, com muita força, sensibilidade e experiência de quem vivenciou o mundo por mais de sete décadas antes de colocar num livro aquilo que pensa e sentia sobre ele.
Em suas declarações, Cora revela seu jeito peculiar de composição, afirmando que: “somente depois que me libertei da rima e da métrica, foi que eu também consegui me libertar das minhas dificuldades.” E acrescenta: “Se tivesse que escrever pela gramatica, não escreveria nada.”
Essas são reflexões importantes de uma mulher do interior, com ensino primário, que encontrou na forma culta e nas leis ortográficas um limitador, mas que, para ela, foi apenas mais uma pedra no caminho.
Agora que você já sabe um pouco mais a respeito de Cora Coralina, que tal testar os seus conhecimentos nos exercícios que preparamos para você? Basta rolar até o final da página e se divertir! Ah, e não deixe de compartilhar com os seus amigos, desafiando eles também.