Sabinada – O que foi, causas, características e mais!
A Sabinada foi uma revolta que ocorreu na Bahia, entre novembro de 1837 e março de 1838. Confira as causas, os líderes e como aconteceu.
- Publicado: 30/05/2023
- Atualizado: 31/05/2023: 18 22
- Por: Douglas Nunes da Silva
A Sabinada foi uma revolta que ocorreu na Bahia, entre novembro de 1837 e março de 1838. Ela se caracterizou por defender o separatismo e a implantação de uma república na capitania da Bahia até que D. Pedro II se tornasse maior de idade e assumisse o trono.
Confira as principais causas, os líderes e o que ocorreu durante o movimento.
O que foi a Sabinada?
A Sabinada ocorreu durante o Período Regencial. Portanto, ocorreu após a abdicação de D.Pedro I ao trono e antes de D. Pedro II assumir o trono, quando o governo era exercido por regentes.
Neste período de grande tensão política, a crise social se agravou no país e gerou levantes em diversos cantos do Brasil. A nomeação dos governantes de cada uma das províncias cabia aos regentes e as escolhas geravam descontentamentos nas populações. As diferenças entre as correntes políticas se intensificaram e levaram à eclosão de uma série de manifestações.
Em Salvador, Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira foi o líder de um desses movimentos, que acabou dando origem ao nome da Revolta. Entre os desejos, estava a ideia de criar uma República na Bahia.
Principais causas
Havia uma grande insatisfação na Bahia com a política centralizadora do Rio de Janeiro. Isso se somava a um sentimento antilusitano, pois os portugueses dominavam o comércio e também cargos políticos e administrativos na região. Reclamavam também da forma autoritária como D.Pedro I governava o Brasil.
Isso fazia com que ocorresse diversas manifestações contra o que eles consideravam “inimigos do povo”.
A população vivia uma crise econômica e tinha um sentimento de revolução. Afinal, em fevereiro de 1822, os baianos já haviam proclamado a Independência – cinco meses antes do grito do Ipiranga. Em 1835 ocorreu também a Revolta dos Malês, liderada por escravizados islâmicos.
Além disso, Bento Gonçalves, líder da Revolta dos Farrapos, havia ficado preso no Forte do Mar, em Salvador. E sua passagem influenciou muitos outros a transformar a Província da Bahia em uma República.
Com a abdicação de D. Pedro I em 7 de abril de 1831, iniciou-se o Período Regencial até D. Pedro II completar a maioridade.
Isso, de certa forma, reduzia a insatisfação devido ao fato de que o herdeiro do trono seria um brasileiro de nascimento. Porém, uma vez que ele tinha apenas cinco anos de idade, o governo provisoriamente era exercido por regentes, de modo centralizado.
Nessa esteira, as escolhas dos líderes provinciais gerou uma onda de revolta em diversas partes do Brasil.
A Revolta
Em 7 de novembro de 1837, revoltosos liderados por Francisco Sabino fizeram um levante em Salvador e invadiram a Câmara Municipal. Na noite anterior, haviam conquistado apoio das tropas do Forte de São Pedro após render aliados ao governo central. Foram diversas conquistas de quartéis em Salvador nos primeiros quatro meses.
Com a invasão da Câmara, no dia 7 de novembro, instaurou-se uma sessão extraordinária em que houve a declaração da separação da Bahia da Corte do Rio de Janeiro. No entanto, o objetivo era constituir a República Bahiense apenas até D. Pedro II ter idade para assumir o trono. Portanto, não era uma independência definitiva.
A Sabinada não tinha como objetivo romper com a escravidão, pois buscava atrair apoio da elite. Só seriam libertos aqueles que participassem da Revolta.
Só que este apoio das elites não veio e, ao mesmo tempo, a postura afastou a participação da população escravizada. Desta forma, a Revolta foi basicamente da classe média, sem atrair nem a elite e nem os mais pobres. Além disso, o próprio Francisco Sabino era médico, portanto, membro da classe média.
Com isso, em março de 1838, o Governo conseguiu cercar Salvador por mar e terra, provocando uma escassez de alimentos. Houve um conflito intenso que levou à morte de cerca de 1.800 pessoas. A ofensiva do exército imperial, marcada por violência, resultou no fim da Revolta.
Os revoltosos foram presos e receberam a condenação à prisão perpétua. No entanto, D. Pedro II abrandou as penas ao assumir o trono, em 1840. Porém, a condição foi que os líderes permanecessem presos em locais distantes da Bahia.
Como efeito da Sabinada, o poder imperial e a elite concentraram esforços para impedir que outros movimentos revoltosos ocorressem. Desse modo, adotaram medidas de centralização do poder juntamente com a busca por alianças com grupos potencialmente radicais.
Referências
https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/viewFile/18838/12208