História do cinema brasileiro – Início, Cinema Novo e Principais produções
Confira aqui, no Gestão Educacional, a história do cinema brasileiro, desde sua origem, com o surgimento dos grandes cinemas, até as principais produções!
- Publicado: 05/11/2019
- Atualizado: 05/11/2019: 10 38
- Por: Umberto Oliveira
O cinema nacional tem alternado entre altos e baixos em sua história. Os altos custos de produção, a censura durante o período militar e a falta de incentivos, sempre foram um empecilho para o desenvolvimento da arte cinematográfica do país.
Ainda assim, os cineastas brasileiros continuam na luta, produzindo diversos filmes de qualidade ao longo do tempo, sempre se reinventando e buscando novas alternativas.
Início da história do cinema brasileiro
A primeira exibição de um filme no Brasil aconteceu na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1896. Somente a elite da cidade podia participar desse evento. A novidade chamou bastante a atenção, e já no ano seguinte surgiram as primeiras produções brasileiras, rodadas entre 1897 e 1898. Os irmãos italianos Paschoal Affonso e Segreto foram os pioneiros, sendo considerados os primeiros cineastas do país.
A expansão do cinema brasileiro só se daria uma década depois, após os avanços no fornecimento de energia elétrica no país, possibilitando o surgimento de mais salas de exibição, e transformando São Paulo e Rio de Janeiro em polos do mercado exibidor. No início, eram os próprios proprietários das salas que realizavam suas próprias produções, na maioria, retratando casos policiais da época. Com o tempo, surgiram os cinejornais e as chamadas “cavações”, filmes feitos por encomenda para promover a imagem das grandes indústrias e, até mesmo, de casamentos e batizados.
Nas décadas de 20 e 30, o cinema brasileiro começa a se expandir, graças ao surgimento de publicações como as revistas Cinema Para Todos, Selecta e Cinearte, e com o surgimento do primeiro grande estúdio cinematográfico no Brasil: a “Cinédia”. Várias produções importantes foram feitas nesse período, tais como Limite (1931), de Mário Peixoto; A Voz do Carnaval (1933), de Adhemar Gonzaga e Humberto Mauro; e Ganga Bruta (1933) de Humberto Mauro.
Os grandes estúdios
Após a criação da Cinédia, surgiram na década seguinte a Companhia Atlântida Cinematográfica, fundada em 1941, e a Vera Cruz, fundada em 1949. A primeira foi a responsável pela introdução das “chanchadas” filmes cômicos-musicais de baixo orçamento. Esse gênero revelou grandes atores, como Oscarito, Grande Otelo e Anselmo Duarte. Dentre os filmes que merecem destaque estão: Moleque Tião (1941), Tristezas Não Pagam Dívidas (1944) e Carnaval no fogo (1949).
A segunda indústria cinematográfica, por sua vez, deixou de lado as comédias populares, apostando em dramas mais aprimorados. Um grande exemplo foi O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto – filme que deu início ao gênero do cangaço no cinema. Nesse período, os estúdios brasileiros tentavam se espelhar em Hollywood, porém os altos custos das produções levaram a inúmeros problemas. A Vera Cruz entrou em falência, e o ritmo de produções dos outros estúdios caiu bastante.
O Cinema Novo
Na década de 60, surge um movimento que ficou conhecido como Cinema Novo. As produções desse período buscavam se afastar dos padrões de Hollywood para criar uma estética única e puramente brasileira, focada nas temáticas de cunho social e político e influenciada pelo estilo do neorrealismo italiano e da Nouvelle Vague francesa.
Destacam-se nesse período as produções do cineasta baiano Glauber Rocha: Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1968). Com a chegada do Regime Militar, em 1964, o Cinema Novo se tornou uma importante ferramenta de oposição. Terra em Transe (1967), outro filme de Glauber Rocha, reflete sobre a rapidez com que um governo civil pôde cair sem derramamento de sangue.
Em 1969, é criada a Embrafilme (Empresa Brasileira de Filmes), fundada em pleno contexto da Ditadura Militar, com o apoio do governo, tendo como finalidade usar o cinema como uma importante ferramenta de controle estatal. Com a Embrafilme, o Estado financia as produções cinematográficas, dando espaço para as produções nacionais, porém, com forte censura em relação ao conteúdo.
Para fugir da censura, surge o chamado Tropicalismo, um estilo que utiliza ironias e metáforas em suas críticas. Macunaíma (1969), lançado pelo cineasta Joaquim Pedro de Andrade, é um dos grandes exemplos. A década seguinte ficaria marcada pelas Pornochanchadas, filmes baseados nas comédias italianas, e com forte teor erótico.
Crise e retomada do cinema brasileiro
Com o fim da Embrafilme, em 1982, e a crise econômica do período, o cinema nacional passa a sofrer um grande declínio. Ainda assim, merecem destaque filmes como O Homem que virou suco (1980), de João Batista de Andrade, Jango (1984), de Silvio Tendler e Cabra, Marcado para morrer (1984), de Eduardo Coutinho e Pixote, e A lei do mais fraco (1980), de Hector Babenco.
O cinema nacional só retomaria força na segunda metade da década de 90, com a criação de diversos festivais e da Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual, sendo implementada uma nova legislação, a “Lei do Audiovisual”. Filmes como Central do Brasil (1998), dirigido por Walter Salles; Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles; Carandiru (2003), de Hector Babenco; Tropa de Elite (2007), de José Padilha, e o recente Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dorneles, impulsionaram o cinema brasileiro, mostrando que, mesmo com as inúmeras dificuldades, é possível fazer cinema de qualidade no Brasil.