Pronomes relativos – O que são? Quais são? Indefinidos e Exercícios
Está com dúvidas nas aulas de português a respeito dos pronomes relativos? Confira, aqui no Gestçao Educacional, informações completas sobre o assunto!
- Publicado: 30/09/2019
- Atualizado: 30/09/2019: 14 09
- Por: Alexandre Peres
O pronome é uma classe de palavra responsável por indicar as pessoas do discurso, ou seja, o indivíduo que fala, o indivíduo com quem se fala ou o indivíduo ou a coisa de que se fala.
São vários os tipos de pronome: pessoais, demonstrativos, possessivos, indefinidos e interrogativos.
Neste artigo, trataremos de um pronome bastante utilizado na língua portuguesa: o pronome relativo!
O que são pronomes relativos?
Os pronomes relativos são palavras que, na oração, retomam o sentido de um termo mencionado anteriormente ou de uma oração inteira proferida em um primeiro momento. Sozinhos, esses pronomes não têm significação própria, dependendo inteiramente dos termos ou das orações aos quais fazem menção.
Pode parecer difícil, mas não o é. Veja um exemplo para compreender melhor:
- “E olhou para o despertador que fazia tique-taque sobre o armário” (KAFKA, F., 1997, p. 09)
Nesse exemplo, é fácil perceber que o pronome relativo “que” está retomando o substantivo “despertador”. Perceba ainda que o pronome relativo, nesse exemplo, estabelece uma relação entre as duas orações. A segunda oração, portanto, é subordinada à primeira. E por ter valor adjetivo, ou seja, por estar definindo e restringindo o significado do substantivo “despertador”, acrescentando-lhe uma característica, recebe o nome de oração subordinada adjetiva restritiva.
Os pronomes relativos diferem dos conectivos por estes servirem apenas para a conexão das orações, não exercendo função sintática como aqueles, que estabelecem subordinação.
Em suma, o pronome relativo retoma orações ou termos mencionados anteriormente, garantindo que não haja uma repetição desnecessária de termos na sentença.
Quais são os pronomes relativos?
A lista de pronomes relativos da língua portuguesa é a seguinte:
Rocha Lima (1996, p. 116) faz um adendo em relação ao quanto, observando que, como pronome relativo, ele faz referência a tudo ou todo, como no exemplo usado pelo teórico:
- “Ouvia-a! A sua voz me despertava
Tudo quanto de bom conservo n’alma” (Gonçalves Dias)
O pronome relativo quem sempre vem precedido por preposição, a não ser quando usado como pronome relativo indefinido, como veremos posteriormente. Além disso, sempre faz menção a pessoas, nunca a coisas — ao menos nos dias de hoje.
Já cujo, estabelece uma relação entre dois substantivos, um possuidor e algo possuído. Deve sempre concordar em gênero e em número com a coisa possuída. Além disso, embora frequentemente utilizado, não é seguido de artigos.
Exemplos com pronomes relativos
- Que: “Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico” (ASSIS, M. de., 2011, p. 243);
- Quem: “No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez […]” (ASSIS, M. de., 2011, p. 247);
- Quanto: “Invista tanto quanto seu dinheiro permitir”;
- Cujo: “Compusera alguns motetes o padre, era doudo por música, sacra ou profana, cujo gosto incutiu no moço [..]” (ASSIS, M. de., 2011, p. 312-313).
- O qual: “Adeus, meu caro senhor. Se achar que esses apontamentos valem alguma coisa, pague-me também com um túmulo de mármore, ao qual dará por epitáfio esta emenda que faço aqui ao divino sermão da montanha: ‘Bem-aventurados os que possuem, porque eles serão consolados’” (ASSIS, M. de., 2011, p. 222);
- Onde: “A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita” (ASSIS, M. de., 2011, p. 243).
Que classes gramaticais podem ocupar a posição de antecedente?
Embora no exemplo mencionado no início do texto o antecedente tenha sido um substantivo, ele pode ser ocupado, também, por termos de outras classes gramaticais.
O antecedente do pronome relativo pode ser:
- Um substantivo:
- A carta que eu enviei chegou ao destinatário.
- Um pronome:
- Foi ele quem me contou.
- Um adjetivo:
- Algumas pessoas revelam-se falsas, o que sempre foram.
- Um advérbio:
- Foi aqui onde eu nasci.
- Uma oração inteira:
- Ela decidiu que iria esquecê-lo, o que não era uma tarefa fácil.
Que funções os pronomes relativos desempenham na oração?
Como comentado, os pronomes relativos servem de elo entre a oração principal e a oração subordinada à qual introduz. Porém, diferencia-se de uma conjunção, uma vez que desempenha uma função sintática.
Os pronomes relativos podem desempenhar as seguintes funções sintáticas na oração:
- Função de sujeito:
- Quero saber mais de você, que chamou minha atenção.
(O pronome relativo “que”, que está retomando o pronome “você”, é o sujeito do verbo “chamou”).
- Função de objeto direto:
- Você não se recorda do mal que me fez?
(O pronome relativo “que”, que está retomando o substantivo “mal”, é o objeto direto do verbo “fez”).
- Função de objeto indireto:
- O médico com quem conversamos foi muito atencioso.
(O pronome relativo “quem”, antecedido pela preposição “com”, que está retomando o substantivo “médico”, é objeto indireto do verbo transitivo indireto “conversamos”).
- Função de predicativo do sujeito:
- Castro Alves sabia o genial poeta que ele era.
(O pronome relativo “que”, que está retomando o predicativo do sujeito “o genial poeta”, é predicativo do sujeito “Castro Alves”: “ele era o genial poeta”).
- Função de adjunto adnominal:
- O menino cuja mãe se mudou é aquele ali.
(O pronome relativo “cuja”, que tem valor possessivo, indicando uma posse do substantivo “menino”, é adjunto adnominal do substantivo “mãe”, e por isso concorda com ele, e não com o sujeito).
- Função de complemento nominal:
- Ele mal sabe da maldade de que é capaz.
(O pronome relativo “que”, antecedido pela preposição “de”, que está retomando o substantivo “maldade”, é complemento nominal do advérbio “capaz”).
- Função de adjunto adverbial:
- Esta é a casa onde eu morava.
(O pronome relativo “onde”, que está retomando o substantivo “casa”, é adjunto adverbial do verbo “morava”, indicando lugar).
- Função de agente da passiva:
- Este é o amigo por quem fui traído.
(O pronome relativo “quem”, que está retomando o substantivo “amigo”, é agente da passiva da locução verbal “fui traído”).
Pronomes relativos indefinidos
Dentro dos pronomes relativos, há um subtipo especial denominado “pronomes relativos indefinidos”. Isso porque dois pronomes relativos, os pronomes “quem” e “onde”, podem ser empregados sem que haja um antecedente na oração. Veja:
(2) Quem dá aos pobres, empresta a Deus.
(3) Por onde eu ando, faço nascer flores.
Perceba que, em ambos os exemplos (2 e 3), os termos destacados são pronomes relativos, mas não estão fazendo referência a nenhum termo anteriormente mencionado.