Conceito de infância – Antiguidade, Idade Média, Modernidade e Hoje
Você sabe quando as crianças passaram a serem assim chamadas, bem como quando ganharam direitos? Confira, aqui no GE, todas as respostas!
- Publicado: 30/05/2019
- Atualizado: 30/05/2019: 11 37
- Por: Rodrigo Herrero Lopes
A infância sempre foi um elemento em construção. Só que, ao contrário da concepção que existe hoje, as crianças foram percebidas e tratadas de maneira muito distintas ao longo da história. Consideradas seres adultos e ativos da vida em sociedade, somente nos últimos séculos é que elas começaram a ser categorizadas como tal e separadas dos demais, recebendo também maior atenção.
Neste artigo, você compreenderá como evoluiu o conceito de infância no decorrer dos tempos e a importância que isso provocou nesses indivíduos. Além disso, abordaremos sobre o conceito de infância hoje, como um sujeito repleto de direitos e que necessita de cuidado por parte dos adultos, com garantias contempladas pelo Estado.
A infância na Antiguidade e na Idade Média
Nos primórdios da Antiguidade (4 mil a. C. a 476 d. C.), as crianças eram apenas mais um entre todos, assim como os adultos e as pessoas idosas, não havendo uma divisão clara entre eles, não apenas conceitualmente, mas no dia a dia mesmo.
Na Grécia, os filósofos usavam elementos ambíguos para designar indivíduos entre os primeiros e últimos anos de vida, o que impedia uma diferenciação de etapas de desenvolvimento. Isso gerou um número elevado de infanticídios, além de uma alta taxa de mortalidade infantil, devido à falta de cuidado sanitários com as crianças.
Já durante a Idade Média (476 d. C. a 1453), as crianças passaram a ser tratadas como tal até os sete anos. A partir daí elas eram igualadas à condição de adulto e eram obrigadas a cumprir as mesmas tarefas que os mais velhos faziam, sem preocupação com a sua saúde e o seu desenvolvimento.
“As crianças que conseguiam atingir uma certa idade não possuíam identidade própria, só vindo a tê-la quando conseguissem fazer coisas semelhantes àquelas realizadas pelos adultos, com as quais estavam misturadas. Sendo assim, dos adultos que lidavam com as crianças não era exigida nenhuma preparação. Tal atendimento contava com as chamadas criadeiras, amas de leite ou mães mercenárias”, afirma a pedagoga Laura Bianca Caldeira, no artigo O conceito de infância no decorrer da história.
A infância na Modernidade
É a partir da Idade Moderna (1453 a 1789) que as crianças começam, ainda que de forma lenta, a serem vistas como um ser social e passam a assumir papel relevante dentro das famílias e na própria sociedade. No entanto, com a Revolução Industrial e a crescente procura por mão de obra, as crianças vão ser arrastadas para trabalhar em fábricas em condições insalubres, assim como grávidas, idosos etc.
Isso porque, a criança também era vista como produtiva e tinha função utilitária para a sociedade, não apenas no trabalho, mas ajudando nas tarefas de casa, imitando pais e mães. Cada vez mais numerosas, as famílias viviam mais tempo fora do que dentro de casa, na rua, nas praças, entre outros locais.
O conceito de infância hoje
Apenas na segunda metade do século XVIII a sociedade começou a separar as crianças dos adultos, e daí para o surgimento das escolas foi pouco tempo. A partir do século XIX e da Idade Contemporânea é que a criança ocupa de fato o seu espaço de direito, abrindo caminho para a consolidação do termo infância como conhecemos atualmente.
Aos poucos, surgiram estudiosos no tema que notaram a importância desse período para o desenvolvimento e a aquisição de conhecimento, cabendo à pedagogia perceber e reconhecer as diferenças das crianças e deixar que elas construam sua identidade pessoal. Daí começou a ser defendido que o lúdico pode auxiliar de maneira importante no desenvolvimento criativo das crianças.
No Brasil, a forma como a infância nos dias de hoje é notada tem como base o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, que coloca que “as crianças possuem uma natureza singular, que as caracterizam como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio”. Desta forma, durante o processo de formação do conhecimento, “as crianças se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem ideias e hipóteses originais sobre aquilo que procuram desvendar”.
Um instrumento que defende a infância e também a juventude é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um conjunto de leis que existe desde 1990, que garante inúmeros direitos humanos de ambos. De acordo com o ECA, criança vai de 0 a 12 anos, enquanto que o adolescente está na faixa entre 12 e 18 anos.
Conclusão
Ao longo da história, o conceito de infância e a atenção que se dava às crianças foi se transformando. De início, ela era considerada a mesma coisa que um adulto, sem distinção de faixa etária, oferecendo pouco cuidado e gerando altas taxas de mortalidade infantil. Instrumento até mesmo sexual, as crianças passaram a serem usadas como ferramentas de trabalho.
Apenas nos últimos dois séculos é que a criança foi separada da fase adulta, ganhando mais atenção e instrumentos de educação que pudessem permitir que elas se desenvolvam melhor. Toda essa mudança reflete nos avanços alcançados pela humanidade em seus mais variados níveis nos últimos tempos.