Concretismo – O que é? Como surgiu? O que defendia? Artistas e Obras
Você já ouviu falar ou sabe o que é o concretismo? Aqui, no Gestão Educacional, você confere informações completas sobre o assunto!
- Publicado: 16/07/2019
- Atualizado: 17/07/2019: 10 08
- Por: Alexandre Peres
O concretismo foi um movimento artístico europeu que surgiu no início do século XX, durando algumas décadas e chegando no Brasil na década de 1950, onde predominou especialmente na poesia.
Os concretistas buscavam uma arte pautada na racionalidade e na utilização de fórmulas matemáticas e formas geométricas. Na poesia, predomina a disposição do poema na página de maneira a se privilegiar a forma do poema, geralmente com figuras geométricas.
Confira tudo a respeito do concretismo neste artigo que que nós, do Gestão Educacional, preparamos para você!
Como surgiu e o que foi o concretismo?
O concretismo foi um movimento artístico europeu que teve seu pontapé inicial em 1930, com a publicação de um manifesto escrito por Theo van Doesburg, pintor, arquiteto e poeta holandês, um dos fundadores do movimento De Stijl. O manifesto foi publicado na revista Revue Art Concret, do próprio autor. Depois da morte de van Doesburg, o responsável por impulsionar o movimento foi Max Bill, artista, arquiteto e designer suíço.
Inicialmente, limitou-se às regiões da Holanda, Suíça e França, mas nas décadas seguintes espalhar-se-ia por toda a Europa, alçando status de estilo internacionalmente reconhecido na década de 1950.
O movimento tem relação com o Abstracionismo. Isso porque a ideia defendida por Theo van Doesburg era a de criar um movimento pautado numa arte abstrata e geométrica, mas muito mais próxima do neoplasticismo, optando pelo nome “Concretismo”, derivado, obviamente, de “concreto”, por achar que o termo “abstrato” possuía um significado pejorativo.
O que defendia?
Os princípios do Concretismo, segundo Carlsund, Doesbourg, Hélion, Tutundjan e Wantz, autores que assinaram o manifesto, são os seguintes (em tradução livre):
- A arte é universal;
- A peça de arte deve ser inteiramente concebida e formada na mente antes de sua execução. Ela não deve receber nenhuma informação da natureza, da sensualidade nem do sentimentalismo. Queremos excluir o lirismo, o drama, o simbolismo, etc.;
- A pintura deve ser inteiramente construída com apenas elementos plásticos, ou seja, superfícies e cores. O elemento pitoresco não tem nenhuma intenção além de “si mesmo”; como consequência, a pintura não tem nenhum significado além de “si mesma”;
- A construção da pintura, bem como a de seus elementos, deve ser simples e visualmente controlável;
- A técnica de pintura deve ser mecânica, isto é, exata, anti-impressionista;
- Um esforço em direção à clareza absoluta é obrigatório.
A ideia de que a pintura não deve se espalhar em nada, tendo propósito e inspiração em si mesma, já destoa o movimento do abstracionismo, uma vez que, no abstracionismo, a pintura é toda baseada em algo exterior a ela — uma pessoa, um objeto, uma paisagem etc.
Não consta nos princípios do manifesto, mas no concretismo, é bastante comum recorrer a fórmulas e noções da matemática e da física para a formulação das obras artísticas, que são representadas, na pintura, em fórmulas e jogos de cores, como em Variation 14 (1938), de Max Bill, em que o infinito é representado.
Pode-se notar, portanto, uma expressiva inclinação do movimento à racionalidade e à ciência. As primeiras vanguardas do século XX já tentavam conceber uma arte em que se fosse possível aplicar conceitos matemáticos e físicos, mas foi o concretismo que mais próximo chegou desse feito.
Concretismo no Brasil
O movimento chegou no Brasil em 1950. O país estava passando por diversas mudanças sociais, políticas, econômicas e, não menos importante, artísticas. Em 1947, é fundado o Museu de Arte de São Paulo (MASP); em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Em 1951, acontecem importantes bienais internacionais, também em São Paulo. Ou seja, a arte estava batendo à porta de São Paulo.
Em 1952, há a publicação de um manifesto por parte do Grupo Ruptura, importante grupo concretista Brasileiro, com forte apelo à racionalidade e à utilização de conceitos da matemática na formulação das obras.
Foi integrando esse grupo que poetas como Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos, grandes nomes da poesia concreta brasileira, que foi bastante expressiva, surgiram. Os poetas concretistas buscavam uma renovação do fazer poesia, utilizando características do concretismo nela. Os poemas concretos fazem uso de recursos estéticos da linguagem para construir poemas com formas geométricas.
A poesia concretista, portanto, é bastante experimentalista, com um enfoque muito grande em sua forma, ou seja, na disposição do texto na página, criando formas com aspectos geométricos e, obviamente, visuais. Para isso, abolem noções como verso e versificação, estrofes, eu-lírico e o sentimentalismo comum em movimentos passados.
Os poetas concretistas lançariam, em 1958, o Manifesto da Poesia Concreta, assinado pelos três poetas já citados. A principal inspiração, como comenta Augusto de Campos, num ensaio chamado Poesia Concreta, é a obra Um Coup de Dés, do poeta francês Mallarmé, mencionando, também, outras inspirações, como James Joyce, Finnegans Wake e Ezra Pound.