O primeiro registro de literatura no Brasil inicia com o Quinhentismo, escola literária atrelada à chegada das embarcações portuguesas no território brasileiro.
Os povos que habitavam a terra do pau-brasil eram analfabetos ou portugueses aventureiros e padres jesuítas, que queriam catequizar o maior número possível de nativos. Entenda mais sobre essa fase que marca o início da literatura no Brasil, abaixo.
O que é o Quinhentismo?
Conhecido também como literatura de informação e formação, esse é um período literário composto por relatos de viagem, sempre informativos e descrevendo acontecimentos ou cenários durante a chegada dos portugueses no Brasil, além de registros dos ensinamentos religiosos aos povos indígenas que aqui habitavam.
Tudo era relatado por meio de cartas e documentos (informação) – descrições do período do descobrimento do país, bem como da época das grandes navegações – e encenado em peças de teatro e outras formas pedagógicas (formação), como principal objetivo a conversão dos índios ao catolicismo.
O Quinhentismo aconteceu ao mesmo tempo que o Classicismo em Portugal. O período ganha esse nome por ter iniciado no ano de 1500, sendo importante lembrar que o Quinhentismo não é exclusivamente brasileiro, porém é a primeira manifestação de literatura ligada ao território.
Principais características
- Crônicas de viagens;
- Textos informativos e com descrição;
- Linguagem simples;
- Uso abundante de adjetivos.
Os textos também possuem a dicotomia como uma característica marcante, na qual mostra o homem preocupado com o desenvolvimento econômico da sua nação, mas atento à expansão religiosa, como é o caso dos jesuítas aqui no Brasil.
Principais autores do Quinhentismo
Os principais nomes são de viajantes e jesuítas que queriam informar correspondentes da Europa sobre a nova terra encontrada – fato que explica porque a maioria dos textos eram opinativos.
Pero Vaz de Caminha
Escrivão-mor da esquadra em que Pedro Álvares Cabral (1468 – 1520) estava, Pero Vaz de Caminha (1450 – 1500) era escritor e vereador português, sendo quem escreveu a Carta de Pero Vaz de Caminha – também conhecida como Carta do Descobrimento do Brasil, a primeira forma de expressão literária, desconsiderando as narrativas dos povos indígenas.
Ela foi escrita com o intuito de informar ao então rei de Portugal, D. Manuel, sobre os primeiros contatos do povo lusitano com os indígenas do Brasil, além das impressões sobre o território. Leia, abaixo, um trecho da carta do devido momento em que os portugueses tiveram contato com os índios nativos:
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram. Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na costa. Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e um sombreiro preto. Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal grande de continhas brancas, miúdas, que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza, e com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar.
José de Anchieta
Além de padre jesuíta, José de Anchieta (1534 – 1597) era historiador, gramático, teatrólogo e poeta espanhol, sendo quem contribuiu com as obras “Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil” e “Poema à virgem”.
Ele é conhecido por ter aprendido a língua tupi e então criado uma gramática da língua indígena, de nome “Língua Geral”. Suas obras foram publicadas na segunda metade do século 20, aqui no Brasil.
Outros nomes importantes e suas principais obras desse período são:
- Pero de Magalhães Gândavo – “História da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos de Brasil”;
- Manuel de Nóbrega – “Informação da Terra do Brasil”.